O comportamento operante é um subtipo de comportamento cuja a resposta é controlada pelas consequências do responder. Basicamente, existem duas grande categorias de operações comportamentais, o reforço e a punição. No reforço, a frequência do responder sempre aumenta, enquanto na punição sempre diminui. Abaixo, uma breve listagem das operações comportamentais já documentadas na ciência psicológica:
Reforço positivo (+)
A frequência do responder é aumentada na presença de um estímulo, chamado de estímulo reforçador. Por exemplo, uma criança chora no supermercado pedindo um brinquedo e o pai, com pena e dó, lhe dá um presente para calar-se. Nesse caso, dizemos que o pai reforçou positivamente o comportamento da criança, pois aumentou a probabilidade de que chore novamente. Em outras palavras, a criança aprende que chorar a faz ganhar presentes do pai em supermercados e, infelizmente, é assim que geralmente crianças mimadas e birrentas são “fabricadas”.
Esquiva – Reforço negativo (-)
A frequência do responder é aumentada na evitação de um estímulo aversivo não-presente no ambiente. Por exemplo, todas as vezes que a esposa diz ao seu marido que está com os amigos no bar, após o trabalho, ele fica extremamente nervoso e ciumento. Esse é um exemplo clássico de reforço positivo, pois a esposa está aumentando a probabilidade do marido ficar nervoso e ciumento. No entanto, quando a esposa mente, esquiva-se, dizendo que ainda está ocupada no trabalho, seu marido fica extremamente calmo e confiante. Agora, dizemos que o marido reforçou negativamente o comportamento da esposa, pois aumentou a probabilidade de que ela invente mentiras para esquivar-se de seu nervosismo e ciúmes.
Fuga – Reforço negativo (-)
A frequência do responder é aumentada na evitação de um estímulo aversivo já presente no ambiente. Por exemplo, numa industria, há muitos riscos de acidentes, como a possibilidade de queimadura dos olhos num processo de soldagem. Para fugir desses estímulos aversivos, os trabalhadores usam equipamento de segurança, como mascara para soldagem. Nesse caso, dizemos que a luz intensa da solda (que é um estímulo aversivo, que pode queimar as vistas) aumenta a probabilidade de um trabalhador usar a mascara para soldagem. Esquemas de reforçamento negativo são bastante comuns em industrias e empresas, embora a maioria das empresas, infelizmente, não tenham a mínima noção de psicologia comportamental.
Punição positiva (+)
A frequência do responder é diminuída na presença de um estímulo, chamado de estímulo aversivo. Por exemplo, um indivíduo é preso, por moradores de uma comunidade, após roubar um supermercado. Indignados com a falta de segurança e policiamento, alguns moradores dão chutes, murros e pontapés no ladrão. Depois desse evento, o indivíduo nunca mais voltou a roubar na comunidade. Aqui, temos uma punição positiva, clássica, pois os moradores reduziram a probabilidade de que o ladrão roube novamente. Vale destacar que a punição positiva não precisa ser dolorosa ou nociva, mas apenas capaz de reduzir a probabilidade de uma determinada resposta comportamental.
Punição negativa (-)
A frequência do responder é diminuída pela remoção de um estimulo reforçador. Por exemplo, um garoto fica o dia todo no celular e, além disso, tira péssimas notas na escola. Então, para o punir negativamente, seu pai não o deixa mexer no celular, remove o estímulo positivo: o celular. O pai puni negativamente o comportamento do garoto, reduzindo a probabilidade de que use o celular. Enfim, um esquema de comportamento operante, como a punição negativa, não raro, está relacionado a outros esquemas, como o reforçamento positivo. Existem várias formas de mudar um comportamento, seja de adultos e crianças, desde que se saiba fazer uma análise do comportamento corretamente e aplicar esse conhecimento.
Extinção operante
O comportamento operante é extinto quando a resposta do organismo não produz a consequência do responder no ambiente. Por exemplo, um rapaz liga para a sua ex-namorada para fazer sexo. Se a ex-namorada não atende o telefone, ignora-o, esse comportamento do rapaz será extinto com o tempo. Em outras palavras, como o rapaz não recebe o reforço da ex-namorada (o sexo), o seu comportamento operante (ligar para a ex-namorada) extingue-se gradualmente.
Conclusões
O comportamento operante é um conjunto de princípios naturais e universais que regem os comportamentos, emoções e pensamentos humanos, assim como a gravidade, o eletromagnetismo e a ótica, que regem o mundo físico. O comportamento operante foi descoberto pela psicologia por meio de estudo científicos experimentais, empíricos e quantitativos com seres humanos, pombos, macacos, rato e outros animais.
Exemplo de análise do comportamento
A presença de policiais numa praça de um bairro é um estímulo punidor, neutro ou reforçador no combate ao tráfico de drogas? Como saber se a presença dos policiais surtem os efeitos desejados? Como realizar uma análise do comportamento eficiente sem juízos de valor? Para chegarmos a uma conclusão, precisamos observar, ouvir e ter acesso aos dados objetivos da realidade.
Se observarmos que a presença dos policiais na praça reduz a venda de drogas, então eles são estímulos aversivos para os traficantes. No caso, trata-se de uma punição positiva, pois a presença dos policiais (estímulo aversivo) reduz a frequência de tráfico de drogas. Em termos ideias, muitas políticas públicas buscam reduzir o comportamento operante de criminosos.
No entanto, se os traficantes vendem ainda mais drogas na presença dos policiais, então eles são, na verdade, estímulos reforçadores. No caso, trata-se de um reforço positivo, pois a presença dos policias (estímulo reforçador) aumenta a frequência do tráfico de drogas. Isso pode parecer bizarro, mas muitas políticas públicas tem aumentado os comportamentos criminosos.
Por fim, caso a presença dos policiais não aumente e não reduza a venda de drogas na praça, então eles são estímulos neutros para os traficantes. Enfim, nenhum estímulo é reforçador, neutro ou punidor a priori, pois depende se o comportamento está aumentando, diminuindo ou se mantendo constante em sua frequência no tempo.
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